quinta-feira, 16 de setembro de 2021

CIA DE TEATRO NU ESCURO ESTREIA PROJETO DE CIRCULAÇÃO ONLINE EM PRESIDENTE PRUDENTE COM O ESPETÁCULO “PLURAL”

 No dia 17 de setembro o canal  da Circo Teatro Rosa dos Ventos recebe o espetáculo de teatro de animação da companhia goiana Nu Escuro, uma transmissão online seguida de um bate-papo entre realizadoras e realizadores das duas companhias.


Com 25 anos de estrada, a companhia goiana Nu Escuro, chega a Presidente Prudente de maneira virtual, estreando no próximo dia 17  de setembro o seu mais recente projeto, Dentro do Centro, uma experiência de circulação online de espetáculos teatrais. Em parceria com a cia prudentina Rosa dos Ventos, o projeto estreia com o espetáculo Plural, uma montagem dirigida por Izabela Nascente, que será seguida de um bate-papo ao vivo onde a diretora e o dramaturgo Hélio Fróes, da Nu Escuro, recebem Fernando Ávila da Rosa dos Ventos.

“Plural” é a trama de uma menina que, como tantas outras, tem o nome de Maria. Suas primeiras recordações remetem aos seus sete anos, onde se distraia brincando com uma boneca de milho no terreiro de sua casa enquanto sua avó cozinhava no fogão a lenha e lhe falava pela janela. A narrativa segue de memória em memória, do universo rural ao urbano, histórias vividas e sentidas, com seus encantos, medos, violências, coragens e humores. Estas lembranças partem de relatos de familiares dos próprios atores e atrizes do elenco gerando um diálogo entre o factual e a ficção.

Para Izabela Nascente o espetáculo trata da migração de pessoas que moravam no campo para a cidade, e todas as violências a que foram submetidas até se adaptarem à nova vida. “O intuito foi retratar as histórias das mulheres que participaram deste processo, salientando a importância na construção da capital do estado de Goiás e de outras cidades do Brasil e também denunciar, de forma poética e reflexiva, o silenciamento destas histórias”, destacou a diretora.

Com a criação deste espetáculo a Nu Escuro aprofundou seu estudo em técnicas de construção e manipulação de formas animadas e linguagem videográfica, para falar de uma parcela de mulheres que migraram, principalmente de Minas para Goiás e que vieram; ou com a promessa de melhoria de vida, ou pela conquista de um pedaço de chão para plantar e para colher. Um trabalho focado nos relatos sobre mulheres rurais que têm suas identidades forjadas em seu sangue o negro, o índio e o branco. Mulheres que pariram dezenas de filhos que hoje são sujeitos de constituição das cidades. Para esta montagem foram observadas as construções de relações de gênero, vivências, tradições, modos de existência precários, ilusão, esperança e oralidade.

Um novo jeito de fazer teatro

Desde o início da pandemia a Cia de Teatro Nu Escuro vem se aventurando no exercício de reinventar os processos de criação, montagem e circulação de espetáculos. “Acabamos de concluir uma jornada de criação e produção muito intensa com o nosso mais novo espetáculo, Barbas, que foi uma imersão nessa linguagem de websérie, e agora começamos esta nova experiência de circulação online”, comentou o produtor da Nu Escuro Lázaro Tuim.

O projeto Dentro do Centro é uma realização através do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, que levará uma programação gratuita com 13 transmissões de espetáculos, além de 4 oficinas. De Presidente Prudente o projeto segue para Uberlândia (MG) e na sequência Palmas (TO), Gurupi (TO), Campo Grande (MS), Itajaí (SC), Alagoinhas (BA) e Salvador (BA). Além de Plural, a Nu Escuro apresentará sua mais nova montagem, Barbas, além dos espetáculos O cabra que matou as cabras e Gato Negro.

Sobre a Cia Nu Escuro

A Cia de Teatro Nu Escuro é um grupo de atores-encenadores que trabalha coletivamente, de forma horizontal desde 1996, tendo montado 16 espetáculos e realizado inúmeras oficinas de formação profissional e de público em diversos estados brasileiros e também no exterior, consolidando-se como uma das principais companhias de teatro do Centro-Oeste.

O trabalho contínuo, a trajetória de pesquisas, os investimentos em novas linguagens e a cumplicidade com o público vem rendendo importantes frutos como a Caravana Funarte (2004); Prêmio Agepel de Teatro (2005 e 06); Destaque Cultural do Ano (2005) e Medalha de Mérito Cultural (2010) pelo Conselho Estadual de Cultura de Goiás; Procultura/ Ministério da Cultura (2010); Prêmio Funarte Myriam Muniz (2006, 10 e 11); Prêmio Artes Cênicas na Rua (2009, 11, 12 e 13); Palco Giratório/ Sesc (2015), patrocínio Petrobras entre os anos 2013 à 2016 e Prémio Juriti, pelo Conselho Municipal de Cultura de Goiânia (2019).

 SERVIÇO

Espetáculo Plural, da cia goiana Nu Escuro, no próximo dia 17 de setembro, às 20h, no canal do youtube do Circo Teatro Rosa dos Ventos


quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Ru-Ar, um respiro de arte na rua em meio a pandemia

Foto de Estevão Salomão
Olá pessoal! Estreamos um novo trabalho durante esse período de pandemia: o Ru Ar - Circo sobre Rodas e queremos compartilhar um pouco dessa experiência com vocês. Esperamos que nosso relato possa contribuir de alguma maneira com outros artistas e grupos afetados pela pandemia e que estão em busca de uma forma mais segura para trabalhar.

Essa proposta não é uma solução para os problemas que estamos vivendo, mas apresenta uma possibilidade de ação cultural presencial com o púbico.

Essa história começou quando fechamos cinco dias de apresentações volantes com apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Presidente Prudente. Para isso tivemos que investir em nosso veículo, uma Van, que ganhou estrutura de palco no teto e equipamentos de energia e som.
Foto de Estevão Salomão
A concepção desse trabalho foi baseada em outra experiência compartilhada conosco pelo Cirquinho do Revirado, de Criciúma-SC, que assim nos inspiraram além de todo apoio dado e do qual somos muito gratos. Lá, eles desenvolveram uma ação cultural chamada Teatro sobre Rodas, que permitiu circular por diversos bairros com uma apresentação andante, encenada em cima da caçamba de uma caminhonete, e assim chegando às pessoas nas portas de suas casas. Essa possibilidade de reencontro com o público, respeitando as normas de distanciamento social, nos encheu ânimo.

O Cortejo 2010

O Ru Ar é traz também um pouco de outro trabalho nosso, "Cortejo", que acontece em grandes eventos ou locais de grande concentração de pessoas. Ele serve justamente para situações onde não é possível fazer uma apresentação convencional, mas várias pequenas e rápidas intervenções em diferentes pontos em meio ao grande público. Funcionava com um veículo adaptado com uma bateria de percussão instalada em cima do bagageiro de teto, que permitia uma banda tocar ao vivo enquanto eram realizadas apresentações rápidas de cenas e números circenses. O carro seguia em meio a multidão, fazendo cortejo e abrindo rodas. 

Agora, nessa nova proposta, que também utiliza um carro adaptado, realizamos deslocamentos maiores entre os pontos de apresentação, e em cada uma delas atingimos um público pequeno e disperso que assiste das calçadas em frente as suas casas, ou mesmo de dentro delas e pela janela.

Foto Estevão Salomão
Como funciona o Ru Ar?

São apresentações rápidas realizadas em uma rua, permitindo que os moradores assistam sem sair de casa. 

O Que é?
Uma Van alegórica equipada com um potente som automotivo e uma banda instalada no teto, estaciona na rua, em um local previamente definido, e começa a interagir com o público de vizinhos e apresentar cenas cômicas e números circenses.

As apresentações duram, aproximadamente, 10 minutos, e atingem um número pequeno de pessoas a cada parada, mas, sendo um circo sobre rodas, que circula parando em diferentes pontos de um bairro ou mesmo de uma cidade, ao final, acaba atingindo grande público.

O Ru Ar é um circo sobre rodas adaptado para o momento de pandemia que estamos vivendo. Trata-se de uma proposta que permite à arte encontrar o público, de forma presencial, respeitando a necessidade de distanciamento social.

A estreia aconteceu no dia 15 de agosto e a temporada segue até o dia 30. Até lá serão 5 dias circulando por bairros das periferias de Presidente Prudente, totalizando 50 apresentações e mais de 15 horas de apresentações artísticas. 
Foto Estevão Salomão
Participam do Ru Ar, além do Rosa dos Ventos, também a Cia. Cirquito e artistas independentes do Galpão da Lua, um total de 7 integrantes.

Seguem links de algumas matérias escritas e televisivas do Projeto:

FN1 Ao vivo - 15/08/2020
https://globoplay.globo.com/v/8779661/

G1 Presidente Prudente 21/08/2020
https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/noticia/2020/08/21/artistas-realizam-apresentacoes-de-circo-e-musica-para-publico-assistir-da-porta-de-casa-em-presidente-prudente.ghtml

Portal Prudentino 22/08/2020
https://www.portalprudentino.com.br/noticia/cultura/teatro-cultura/circo-sobre-rodas-promete-espalhar-alegria-na-cohab-e-joao-domingos-

Bom dia Fronteira 24/08/2020
https://globoplay.globo.com/v/8799208/programa/
Cia Cirquito - Foto Estevão Salomão


Abaixo a programação de estreia:

1 - Zona Leste – sábado, 15 de agosto
10 apresentações: das 15h às 18h em 5 bairros da região

2 - Cohab – sábado 22 – de agosto
10 apresentações: das 15h às 18h em 3 bairros da região

3 – João Domingos Neto - Dia 29 – de agosto
10 apresentações: das 15h às 18h – em 2 bairros da região

4 – Humberto Salvador / Brasil Novo Dia 29 – de agosto
10 apresentações: das 15h às 18h em 2 bairros da região

5- Ana Jacinta – domingo, 30 de agosto
10 apresentações: das 15h às 17h em 3 bairros da região

Confiram às fotos e vídeos do Ru Ar em nossas redes Sociais: 
@gruporosadosventos

Foto de Estevão Salomão

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

NOTA - CPI da Cultura em Presidente Prudente

O Galpão da Lua recebe, sem espanto, a denúncia veiculada pela imprensa e que consta no relatório parcial da CPI da Cultura, em que um professor foi ameaçado de perder suas aulas por tocar instrumento em atividade musical em nosso espaço, apesar de fazê-lo em horário fora de sua jornada de trabalho na escola Jupyra Marcondes.

Em outros momentos, integrantes do Galpão da Lua já denunciaram publicamente esse tipo de conduta do Secretário de Cultura contra nossa entidade, sendo que em uma delas, por manobra ilegal, fomos expulsos do Conselho Municipal de Cultural.

Já em “campanha eleitoral”, Secretário fala agora da criação de pontos de cultura na cidade junto a associações de bairro e outras entidades, sem, contudo, reconhecer a nossa existência concreta, há anos, como agente de Ponto de Cultura no Sistema Municipal de Cultura.

O Sistema Municipal de Cultura, aliás, nunca passou de peça de propaganda eleitoral e não é por outro motivo que a cidade não tem, até hoje, um Plano de Política Cultural, ônus que ele joga sobre os artistas e fazedores de cultura da cidade.

Esperamos que essa CPI tenha resultado concreto contra esses comportamentos de assédio moral, coação e abuso de autoridade e que os fazedores de cultura e a população da nossa cidade sejam futuramente tratados com seriedade pela Secretaria de Cultura na pactuação de um Plano que signifique a construção de uma nova política cultural democrática e inclusiva.

#galpaodalua #coletivoculturalgalpaodalua #secontráriodecultura #presidenteprudente #culturapp #CPIdacultura #apuraçãojá #PerseguiçãoaoGalpãodaLua #prefeituradepresidenteprudente #conservatóriojupira


domingo, 31 de dezembro de 2017

Arte, repressão e resistência em 2017

Foto de João Paulo Pimenta
O ano de 2017 foi o no mínimo curioso, ano de muita repressão à arte, à liberdade, aos artistas de rua, à espaços culturais independentes, ano de atentado contra a democracia, ano que lacraram o Galpão da Lua. Diante de um cenário tão desfavorável, nós resistimos. Graças à pessoas que constroem junto conosco essa resistência como são os parceiros arteiros de rua, de circo e de teatro do Brasil inteiro e fundamentalmente dos amigos e amigas do Galpão da Lua que estão mais próximos no cotidiano dos enfrentamentos.

Em 2017 realizamos 88 atividades, 81 foram apresentações de espetáculos, trocamos nossos saberes em 8 oficinas e debates relacionados á arte. O espetáculo mais apresentado em 2017 foi o Super Tosco com 28 apresentações. Nossa peça mais antiga “Hoje Tem Espetáculo foi apresentada 27 vezes este ano.

Fizemos 18 apresentações em Presidente Prudente, as demais aconteceram em 3 Estados brasileiros, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Nossa arte chegou em 37 cidades, participamos de 18 festivais de arte. Idealizamos e concluímos em projeto incrível chamado Circulação Caipira que levou nosso espetáculo para 19 localidades do Estado de São Paulo e fomos indicados ao Prêmio Governador do Estado de São Paulo na categoria Circo ao lado de pessoas que admiramos muito.

Foto de Marcos Barbosa publicador no Guia Rancharia
Junto com as guerreiras e guerreiras do Galpão da Lua organizamos o 20º Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua em Presidente Prudente, recebemos cerca de 100 artistas de Rua de várias partes do Brasil e desfrutamos momentos fundamentais de troca e de renovação das energias. Com essas tantas pessoas que são referências para nós na arte e na vida fizemos o ato de 3 anos sem a nossa querida amiga Lua Barbosa, tomamos o centro de Presidente Prudente para falar sobre o genocídio de jovens pretos e periféricos, sobre a violência e a impunidade da Polícia militar do Estado de São Paulo e claro para saudar a guerreira linda e incrível que foi Lua Barbosa.


Foto de Marcos Barbosa publicador no Guia Rancharia


Fica difícil destacar fatos e acontecimentos de um ano inteiro, simplesmente resistimos e construímos ao lado de pessoas queridas o que acreditamos por meio de nossa arte. Bora para 2018 e viva! Viva! Viva!
Foto de João Pimenta

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Rosa dos Ventos: Palhaços ou apenas comicuzinhos?

Foto de João Paulo Pimenta

Falaremos sobre a maneira como nos manifestarmos cenicamente para discutir o que somos enquanto personagens, palhaços, cômicos populares, encenadores, brincantes, atores, performers, clown, atuadores, bufões, etc., etc.? Para isso, vamos também citar algumas críticas de nossos espetáculos que buscaram caracterizar o nosso trabalho e contribuíram para essa reflexão.


O grupo Rosa dos Ventos tem 18 anos de caminhada. Acreditamos que tivemos uma formação bastante livre. Começamos fazendo oficinas de circo, de teatro, assistindo a espetáculos em festivais, participando de simpósios de arte, fazendo montagens de cenas para eventos na universidade e comerciais, visitando circos, e por aí vai. Além disso, participávamos de um projeto de extensão universitária que levava animações e brincadeiras de cultura popular para escolas e fazíamos interações em festas de aniversário.


Toda a vivência enquanto estávamos na universidade foi estruturante na formação do grupo e nesse processo fomos nos identificando com o cômico e o popular. Ao visitar circos pequenos que passavam por nossa região descobrimos seus palhaços verborrágicos, despudorados, que não deixavam o público quietos. Vimos nele uma liberdade de improvisação e jogo cênico com o público que nos provocou, e depois, essa mesma relação, começamos a entender nas rodas de rua com os emboladores, repentistas, puladores de arco de facas, etc.


Nesse contexto de aprendizado criamos nosso primeiro espetáculo, circense, que era sempre uma seleção de números de ocasião, e depois foi ganhando um roteiro mais definido e técnicas. Esse espetáculo continua em nosso repertório, depois de muitas mudanças e adaptações.
Foto de João Paulo Pimenta



O processo de criação dos nossos espetáculos sempre se deu atravessado por uma miscelânea de coisas que fomos aprendendo e vivendo do circo, do teatro, da cultura popular, dos diferentes tipos cômicos, da arte de rua, etc., e influências diversas da vida cotidiana e conversas com outros grupos e artistas.

Às vezes, é difícil dizer o que fazemos, ou o que somos – palhaços? Brincamos sempre com a história que chegamos num festival de teatro e disseram que o que fazíamos era circo; e chegamos num festival de circo e disseram que o que fazíamos era teatro.
Nossa aparência tem o peso do palhaço tradicional, com maquiagens sempre branca, vermelha e preta, roupas e sapatos sempre ampliadas, coloridas e espalhafatosas. Cenicamente, podemos variar, dentro de um mesmo espetáculo, da relação de “branco” e “augusto” para o uso de técnicas de bufão. Um recurso cênico pode se desdobrar em outros, variando papeis ou com improvisos, e assim não nos prendemos a uma única forma, ou, melhor dizendo, sempre caminhamos para aquilo que é mais universal, ancestral, que funciona na rua, provocando o público a entrar e ficar na roda.

Já tivemos a felicidade ver nossos espetáculos objeto de trabalhos críticos, em textos. Essas apreciações, que citaremos a seguir, vão ao encontro do nosso entendimento de que o que fazemos não cabe num único conceito. A depender do olhar e do contexto do acontecimento da obra, somos encarados como palhaços ou outro conceito qualquer (clowns, performers, atuadores, atores, etc.).

As duas primeiras crítica são em referência ao nosso primeiro espetáculo, “Hoje Tem Espetáculo”, que teve sua estreia em 2001 e já aconteceu mais de 600 vezes em 15 anos de circulação. Cadu Witter, Fatima Moniz, Daniela Scarpari e Ricardo Vasconcelos escreveram de forma coletiva sobre a nossa apresentação no XII Festival Nacional de Teatro de Limeira em 2011. Os autores dizem que o que fazemos é um teatro de rua autentico e que utilizamo“com galhardia e excelência os elementos do circo na rua”, emanando “carinho e generosidade com o público”. Kil Abreu, que assistiu nossa apresentação no 30° Festivale de São José dos Campos em 2015, escreveu que fazemos: “acontecer o diálogo entre o circo tradicional (números, entradas e piadas vistos há pelo menos duzentos anos) e a sua experimentação no calor da hora dos tempos atuais. Sem propriamente inventar novas formas para a cena cômica, a trupe se dedica a fazer valer um repertório colhido nas convenções da arte do palhaço - o que não é pouco do ponto de vista da tarefa artística que se coloca. Pois que aqui se trata de uma linguagem cujos códigos têm vida longa e se mostram mais ou menos efetivos não necessariamente em função da novidade formal, mas do espírito vivo do clown que anima o ato, ainda que ele seja a repetição de ações que vêm ‘das antigas’”. Ao longo texto utiliza ainda outros termos para se referir a nós, como clows, palhaços faladores e indisciplinados, artistas populares, e complementa que fazemos uma boa performance com o público se divertindo com as diferentes mascaras que utilizamos, que vai autoritário e patético para o esperto ingênuo, causando importantes efeitos cômicos.
Foto de João Paulo Pimenta
            Saltimbembe Mambembancos, que teve sua estreia em 2005 e já aconteceu mais de 450 vezes foi criticado por Valmir Santos e Fábio Mendes. Valmir assistiu ao espetáculo no calçadão no centro da cidade de Ponta Grossa-PR, durante o 38° FENATA em 2010. Ele afirma que o picadeiro é absoluto em nosso espetáculo e que, nós, atores palhaços, vamos de um radicalismo escatológico e imoral, partilhado de modo explícito e subterrâneo com o público, a uma outra face oculta do grupo, que seria nosso potencial, de contracenar com o lirismo, tocando em zonas do eu feminino e transformando problemas e improvisos que poderiam dar errado em poesias. Também disse que somos despudorados e que isso diz respeito a máscara do palhaço, a um estado provocador sem mesuras e fieis ao espirito roto de artistas mambembes. Fábio, por sua vez, assistiu ao espetáculo no XXXVI FESTE Festival Nacional de Teatro de Pindamonhangaba – SP em 2013, no Bosque da Princesa, e descreve que se trata de “[...] um espetáculo circense que tem como foco central a cultura popular e sua comunicação nas ruas e praças, isto é, um circo teatro que flerta com aquelas divertidas rodas urbanas dos repentistas nordestinos. O resultado desse trabalho é a pura diversão, que traz toda a magia e o encanto do circo tradicional”. Complementa ainda que se trata de um espetáculo onde a liberdade é traduzida no caleidoscópio das infinitas possibilidades do riso, promovendo uma teatralidade colorida e genuinamente brasileiro.

Evill Rebouças, que assistiu esse mesmo espetáculo no Oxandolá In Festa, no calçadão (saída do trem) de Francisco Morato – SP em 2015, diz da participação do maestro Nicochina: “Acompanhados musicalmente por Robson Toma (Nicochina), os rapazes em questão – aqui denominados meninos para fazer jus à aura brincante instaurada na arte e na vida – brincam literalmente em trabalho. Tal brincadeira é tão potente que não há como diferenciar o que é ficção e o que é real, a ponto de aproximar o trabalho dos meninos ao conceito de presentificação do corpo: denominação bastante utilizada na performance para distinguir aspectos entre representação e performatividade. Isto é, no teatro, comumente, o ator representa a ficção; já na performance, geralmente, o artista prima pela não representação, pois não existem limites ou separações entre o que é ficcional e a sua vida. Se o performer tem sotaque, essa sonoridade se fará presente, independente da figura retratada na performance ser de outra região; um corte no corpo jamais será algo representado por maquiagem, mas realizado no corpo do atuante; e no caso dos meninos do Rosa dos Ventos essa potência chega à cena porque eles se desnudam enquanto cidadãos, sem negar o tempo real do acontecimento teatral e as situações que permeiam as suas criações poéticas”.Observamos que Evill mesmo tecendo esses comentários sobre performance e presentificação do corpo, ao longo do texto, nos chama de palhaços e atuantes.
Foto de João Paulo Pimenta

Importante destacar o papel, nas críticas, dado ao Robson Toma (Nicochina) nas cenas, com suas ações sonoras. Sobre isso, Valmir Santos diz que Nicochina faz uma musicalidade orgânica ao espetáculo, sendo na encenação o “pulmão incidental na execução ao vivo com onomatopeias e arranjos”. Ainda sobre o trabalho do Nicochina, mas falando de Hoje Tem Espetáculo, Kil Abreu destaca: “Para arrematar a boa performance dos palhaços prudentinos há ainda a fundamental marcação de uma sonoplastia atenta, que a um tempo ajuda a dar gás à bagunça e a outro a organiza, regendo o ritmo das sequências para que o espírito do improviso livre não acabe por render a cena a um caos de bom efeito, mas indiferenciado”.
Por fim, destacamos duas críticas do nosso espetáculo A Farsa do Advogado Pathelin, que teve sua estreia na quadra da UNESP de Presidente Prudente durante o II Fórum Cultural da UNESP em 2009 e que já aconteceu próximo de 150 vezes. Esse espetáculo expões questionamentos políticos e sociais de forma explicita, sendo uma adaptação nossa de um texto clássico da renascença que utilizamos para contar histórias e fazer questionamentos da atualidade, misturando-se nele nossos papeis de atores, palhaço e os próprios personagens dessa farsa medieval. Em comum, essas críticas destacam a relação do que fazemos com o bufão. Alexandre Mate, que assistiu ao espetáculo no 25° Festivale em São José dos Campos – SP em 2010 na praça Afonso Pena, diz: “Mesmo com traços de bufão, em muitos momentos, os atores-palhaços surpreendem do começo ao fim”. Destaca ainda, lembrando do papel do musical do Nicochina, que: “A inserção musical (com música ao vivo, a cargo de Robson Toma) é rigorosamente épica: os números cantados (inclusive na apoteose de entrada) apresentam, de modo crítico, o tema da obra. Exatamente, pela música explicita-se a clareza do elenco, do ponto de vista político trazido pela obra”. Paulo Bio, que assistiu a mesma apresentação na praça Afonso Pena, também fala de bufão, além de palhaço, para se referir a nossa atuação, e complementa: “Além da atuação como bufões e palhaços o grupo também se vale de um rico aparato circense, e aqui cabe novamente ressaltar a utilização das qualidades artísticas não como exibição, mas num permanente jogo com o público e com o entorno”.

Para finalizar, queremos trazer uma história vinda do maior crítico de nossos espetáculos, o público. Um dia Dez Pras Sete foi indagado por uma criança se ele era palhaço, e respondeu que dependia do autor. A menina, sem entender muito, replicou que isso não importava e sim, o que valia, é que éramos engraçados.


Foto de João Paulo Pimenta

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

ÓTIMA NOTÍCIA! Super Tosco foi aprovado no ProAC Artes Cênicas de Rua!

Foto de João Paulo Pimenta
Uma notícia maravilhosa nesse momento, os tempos andam tão difíceis para a Arte, para a democracia, para a liberdade, temos um respiro.

Uma pena que o ProAC editais tenha um recurso vergonhoso, o valor corresponde à menos da metade do recurso destinado ao programa de Incentivo Fiscal que da as empresas a liberdade de escolher os Projetos que merecem investimento Público



Se pensarmos na demanda de bons projetos que temos no Interior e na Capital Paulista e apenas 10 projetos de Rua serem contemplados, é realmente uma migalha. muitos projetos bons ficaram de fora e são projetos que atendem ao interesse público e tem muita qualidade.

De qualquer maneira, é uma notícia muito importante para nós nesse momento. Super Tosco segue uma trajetória bem bacana e intensa, Desde sua estréia em novembro de 2016 no SESC Pinheiros já foram 29 apresentações em 3 Estados do Brasil. o trabalho foi selecionado para importantes Festivais com programação nacional, além de ser contratado para programas e espaços culturais.

O Projeto aprovado nos levará para 14 cidades do estado de São Paulo, iremos para localidades onde existem Grupos de teatro de Rua atuando e resistindo. Vamos chegar juntos para reforçar o trabalho dessas galeras e para trocar nossas experiências e somar na construção das coisas que acreditamos.

Em 2018 tem Projeto Circulação Super Tosco!

Agradecemos aos companheiros de luta e resistência:
Coletivo Galpão da Lua
MTR - Movimento dos Artistas de Rua do Estado de São Paulo
RBTR - Rede Brasileira de Teatro de Rua

Viva a Arte de Rua!

Foto João Paulo Pimenta

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Projeto Caravana SP sobre o Rrosa dos Ventos

O Projeto Caravana SP, desenvolvido por uma dupla palhaços Fulana e Melão, passou uns dias conosco do rosa dos Ventos fazendo entrevistas e registrando nosso cotidiano e fizeram uma bela matéria e um belo vídeo sobre o rosa dos Ventos.

O vídeo você pode assistir no link abaixo:

A Matéria na Direção dos Ventos pode ser acessada e lida no link dessa galera linda:
http://www.oquintaldefulanaemelao.art.br/?post_type=post&p=1367

Trecho da matéria:

 “O artista de rua tem uma linguagem muito própria de se relacionar com o público, que tem a ver com a nossa forma, que foge um pouco desse teatro clássico e se aproxima até daquilo que muitos vão dizer que não é teatro, que é outra coisa”, explica Luis Valente

Sobre o Projeto Caravana SP

Quem faz história no universo do circo pelo Estado de SP? O que pensam os artistas? Como se manifestam pela arte? Que tipo de riso provocam os palhaços? E como sobrevivem? Essas e outras histórias chegam aqui formando um novo registro da atual produção do circo pelo território paulista! A série especial de reportagens chamada Caravana_SP – uma oportunidade oferecida pelo prêmio do ProAC para a produção de conteúdo cultural (2016) – trata de artistas que produzem circo pelo Estado. Uma expedição que demanda o trabalho similar ao das formiguinhas (tá aí sua simbólica representação na logomarca desta aventura), que investiga as diferentes linguagens circenses e a relação que mantêm entre si mesmas, trazendo também uma pequena amostra da palhaçaria paulista – o que os caracteriza, como se diferenciam daquilo que é feito no restante do País e do mundo e quais são as afinidades e disparidades (do ponto de vista do artista circense) daquilo que se acredita ser a cultura circense em São Paulo.

Por ora, já visitamos o Grupo Rosa dos Ventos, de Presidente Prudente; a Trupe Koskowisck, de Sorocaba; os palhaços de hospital de Limeira, os Cirurgiões da Alegria; e o De Lucca Circus junto com Os Profiçççionais, lá em Ribeirão Preto.

Gostou?
Aqui tem mais: http://www.oquintaldefulanaemelao.art.br/?post_type=post&p=1231